Autor: Ania Kítylla
Editora: Chiado (1ª ed / 2ª ed pela Amazon)
Páginas: 192
Ano: 2014/2015
Instagram da Ania: @aniakitylla
Onde comprar: Amazon
Avaliação:
Sinopse:
Em Serra
Vermelha, naquele ano, ocorreu um evento incomum: homem e terra tornaram-se um
só. Do terreno fértil, nasceu o fruto; do alimento, seu saudável
desenvolvimento.
Primeiro,
foi necessário cuidar; e a plantação sempre precede a colheita. Café e amor
confundiam-se, naqueles montes verdes. Tanto em um, quanto em outro, seu gosto
haveria de ser pessoal. Uns provariam puro; outros, o adoçariam. Às vezes,
amargaria e, às vezes, acordaria. Haveria quem o provaria e desgostaria; e quem
jamais teria vontade de provar. Haveria, ainda, os que morreriam sem jamais ter
ouvido falar e os que, de tanto embebedar-se, viciar-se-iam.
Eis aqui um
livro que foi para mim, uma grata surpresa.
A Ania
enviou ele para resenha depois de uma conversa no direct no Instagram, e eu vou
ser super sincera aqui (como vocês sabem que eu sou): caí de cara no chão
depois de concluir a leitura.
A sinopse
não remete em NADA ao conteúdo na primeira vez que você lê antes de iniciar a
leitura. Hoje, com o livro terminado, encaro com espanto e absoluto encanto a
forma com o qual o livro está descrito em sua essência ali, na sinopse.
Mas vamos ao
que interessa, o conteúdo!
A história
narra o nosso Brasil da metade para o final do século XX, quando já existia a abolição
da escravatura, porém alguns (muitos) fazendeiros tradicionalistas insistiam em
resistir e permaneciam utilizando a mão de obra escrava não remunerada (que aos
poucos devido a se tornar tão difícil de se manter com a falta de negros e sem
ter como contrabandear, foi substituída por imigrantes e sua mão de obra
remunerada – vocês sabem como foi).
Com essa
introdução caímos na vida de Catarina, nossa personagem principal que tinha
apenas 12 anos quando por seu pai, um fazendeiro de cana de açúcar em situação
de falência e saúde muito debilitada (que não demonstrava à filha), foi
prometida em um casamento arranjado com Heitor, um rapaz com quase 10 anos a
mais do que ela que era filho de um grande fazendeiro de café.
O início do
livro se dá nessa preparação do casamento, da nossa pequena noivinha, que conta
todo o tempo com o apoio de Nana, a mucama que criou desde pequena a menina, quando ela perde a mãe por doença.
Uma cena
marcante nesse primeiro momento, é a “fuga” da menina no meio da festa de
casamento onde é encontrada por Nana e o noivo, Heitor, dormindo em seu agora
antigo quarto no meio das bonecas encardidas que não vai mais ter nenhum
contato.
A partir do
momento em que está casada, ela sairá da casa do pai e passará a viver na casa
da família do marido na Serra Vermelha, um ambiente completamente diferente de
onde ela esteve acostumada durante toda a sua vida.
Confesso que
fiquei um pouco apreensiva a princípio com uma personagem tão nova, e um noivo
mais velho. Rola aquele incômodo logo nas primeiras paginas quando você se dá
conta de que é uma menina de 12 anos se casando.
Então você
vai se entregando e evoluindo na leitura, e se permite entender que não estamos
em 2015 ali. É uma época diferente, com costumes diferentes, onde meninas a
partir de sua menarca eram negociadas em casamentos arranjados sem problema
algum. Pois o sinal do sangue significava que ela era uma mulher e poderia
gerar filhos.
A cena de
Catarina no quarto entre as bonecas fez com que Heitor compreendesse que não
passava de uma menina ainda (se é que me entendem) e que não entendia nada da
vida, muito menos das “obrigações de uma mulher quando casada”.
Temos aí
então uma sequência de acontecimentos tão doces que não sei precisar à vocês
quantas vezes eu suspirei ou engoli a lágrima que brotava no olho.
Ao contrário
do que se imagina, essa não é mais uma história de abusos tão famosos daquela
época de maridos fazendeiros e mais velhos com suas esposas tão novas que
serviam apenas para servi-los.
Essa é a
história de uma amizade sincera e profunda, criada e adquirida com admiração,
compreensão, companheirismo, respeito e mutualidade.
E essa é a
prova de que grandes amores são construídos em cima de pilares sólidos como os
citados acima.
Bati palmas
quando os dois deram o primeiro beijo, sorri feito boba quando assumiram seu
amor, e senti raiva junto com a Catarina nos momentos que a autora assim o
quis.
Além do amor
dos dois a história também envolve a temática da escravidão que esteve à volta
da menina Catarina, e a metade final do livro até o final foi uma reviravolta.
Cortou meu coração em pedacinhos.
Essa foi uma
das leituras que mais me deram prazer em concluir nesse ano de 2015. É, de
longe, meu livro favorito e vou guarda-lo no fundo do coração e da alma.
Não há nada
de anormal na relação dos dois no livro. É apenas o amor entre duas almas
retratado em palavras em uma época diferente da nossa.
Se
entreguem.
Se envolvam.
Mas o Heitor
é meu. Hahaha
Obrigada
Ania por esse maravilhoso presente. Minha alma te agradece.
O livro tem um booktrailer super fofo! Confira abaixo:
Espero que tenham gostado, e que principalmente, se interessem em ir atrás dessa pequena maravilha! O livro está na sua segunda edição, que pode ser encontrada em formato físico e digital no site da Amazon conforme citado no começo da postagem.
Fiquem de olho aqui no blog porque em breve rola post de apresentação da autora e uma entrevista com ela.
Beijocas e até a próxima ♥
Eu gostaria de salientar que essa foi a melhor resenha que já fizeram do meu livro. Não somente pelo entusiasmo - embora tenha me emocionado pra caramba - mas pelo tratamento. A Bruna Petri recebeu o meu livro como tal, e não como uma mera parceria; recebeu meu livro como obra literária, e não como "livro nacional". Só um novo autor conhece os preconceitos por trás do discurso "leiam estes bons livros - Sparks, Rowling, Coben, Tolkien, etc - e leiam esses nacionais. Sabemos bem a intenção de ajudar de nossos leitores e parceiros (e somos gratos), mas esse discurso não encoraja a ler nacionais, pois dá a impressão de significar "leiam esses livros aqui, porque são dos meus parceiros (e não são, necessariamente, bons)". Mas a Bruna Petri, do Estante Recheada ganhou o meu coração com essa resenha, porque, se eu fosse uma leitora genérica, teria sentido vontade de comprar e ler esse livro, como qualquer outra boa indicação de alguém que aprecia Literatura. Portanto, obrigada. Um beijo enorme!
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